
TRADUZINDO ESTRATÉGIA EM IMPLEMENTAÇÃO SUSTENTÁVEL
Na África Ocidental, os ministérios da saúde estão amadurecendo cada vez mais em sua compreensão da cadeia de suprimentos e como ela pode fazer avançar a disponibilidade de medicamentos essenciais até o último quilômetro. Ao procurar reformar ou estabelecer cadeias de suprimentos eficazes, no entanto, o desenvolvimento de uma estratégia abrangente de cadeia de suprimentos nem sempre se traduz em implementação sustentável. Acreditamos que a principal razão para isso não é clara na estrutura e nos mecanismos de governança da Cadeia de Suprimentos de Saúde Pública.
A governança da cadeia de suprimentos reúne os principais tomadores de decisão e nomeia uma entidade com responsabilidade geral para garantir que as soluções da cadeia de suprimentos sejam integradas em todo o sistema e seja um componente essencial da transformação eficaz da cadeia de suprimentos.
DESAFIO DE COORDENAÇÃO
Um dos maiores desafios nas cadeias de abastecimento de saúde pública na África Ocidental é a coordenação. Diferentes partes interessadas, de departamentos governamentais a fornecedores e doadores, são responsáveis por colocar produtos no sistema para atender às necessidades dos pacientes, mas ter vários pontos de entrada coloca uma enorme pressão sobre um sistema e, em última análise, afeta seu capacidade de entregar esses medicamentos até a última milha.
É preciso haver harmonização do sistema a partir de um nível estratégico. A governança é um mecanismo que garante a coordenação perfeita entre as muitas partes em uma cadeia de suprimentos de saúde pública e contribui para uma melhor tomada de decisões, protocolos, prestação de contas, monitoramento e planos de ação.
A governança bem executada também permite uma melhor integração de novas intervenções e fornece uma compreensão holística de como os diferentes componentes de uma cadeia de suprimentos serão afetados por uma mudança em uma parte. Isso é importante porque diferentes grupos estão focados em seus próprios objetivos e nem sempre podem entender como seu produto ou solução pode realmente ser integrado a outro para aumentar a entrega eficiente de ambos aos pacientes em seu ponto de necessidade. A governança, no entanto, unifica metas e objetivos.
A governança também é vital para interpretar e aplicar insights que estão cada vez mais disponíveis por meio de ferramentas como sistemas de visibilidade baseados em TI. Esses sistemas produzem dados valiosos, mas uma entidade centralizada precisa interpretar os dados em toda a cadeia de suprimentos e aplicar os aprendizados para ter um impacto significativo. Em alguns países da África Ocidental, como a Costa do Marfim, existem dados importantes disponíveis para informar o nível estratégico do desempenho da cadeia de suprimentos e, apoiados por uma governança eficaz, isso pode aumentar significativamente a eficácia de uma cadeia de suprimentos.
ESTRATÉGIA OU GOVERNANÇA: O QUE VEM PRIMEIRO?
Embora a estratégia e a governança precisem estar alinhadas para que uma cadeia de suprimentos funcione de forma eficaz, nem sempre está claro o que deve vir primeiro.
No Africa Resource Centre (ARC), vimos que não há resposta certa ou errada para esta pergunta. A resposta depende do contexto particular de um país ou da maturidade de sua cadeia de suprimentos existente. Ainda assim, em geral, defendemos que a governança seja implementada antes da estratégia. Aumentar a compreensão do ministério da saúde sobre a gestão da cadeia de suprimentos requer cooperação e um plano de governança claro.
Em alguns casos, os ministérios da saúde consideram essa abordagem desafiadora, pois ter uma estratégia clara da cadeia de suprimentos é um resultado mais tangível. Ainda assim, mesmo as melhores estratégias podem falhar no estágio de implementação sem governança suficiente para supervisionar sua execução.
A governança fornece uma estrutura que é mutuamente acordada pelas principais partes interessadas, que serão responsáveis por montar as estratégias e garantir que os recursos necessários estejam disponíveis para implementá-las.
Um mecanismo de governança central pode ajudar a preencher lacunas e promover o alinhamento nas decisões interministeriais ou interdepartamentais. Ele pode reunir as partes interessadas de todos os níveis da cadeia de suprimentos, incluindo distritos, pontos de demanda maiores, como hospitais e pontos de serviço de última milha, para desenvolver uma estratégia viável de cadeia de suprimentos.
ENTENDENDO O ESCOPO DA GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS
Outro desafio que surge da ausência de uma estrutura de governança clara é a percepção errônea de que a cadeia de suprimentos é apenas sobre lojas médicas centrais. Há muito mais partes interessadas envolvidas na cadeia de suprimentos do que muitas vezes se percebe inicialmente.
Além disso, a cadeia de suprimentos geralmente está ausente dos documentos de estratégia de saúde pública e, sem indicadores-chave de desempenho específicos para trabalhar, a implementação e o monitoramento se tornam difíceis. Uma estrutura de governança da cadeia de suprimentos defenderá a inclusão da cadeia de suprimentos nesses principais documentos de estratégia de saúde pública, atribuirá propriedade e, finalmente, definirá a responsabilidade pelo desempenho da cadeia de suprimentos. Dado o papel integral da cadeia de suprimentos na disponibilização de medicamentos e produtos de saúde até a última milha, isso contribuirá para a eficácia do sistema de saúde pública como um todo.
RESPOSTA DA CADEIA DE SUPRIMENTOS
Uma cadeia de suprimentos responsiva pode apoiar os ministérios da saúde em seus objetivos, permitindo mudanças incrementais e generalizadas para aumentar a disponibilidade de medicamentos em todos os níveis de um sistema de saúde pública. Uma cadeia de suprimentos responsiva é alcançada por meio de um corpo diretivo que coordena e unifica os diferentes elementos da cadeia de suprimentos para que haja um bom planejamento, infraestrutura adequada e agrupamento de recursos.
Onde uma entidade central é responsável por implementar e monitorar a estratégia da cadeia de suprimentos, ela pode comunicar e definir protocolos e linhas de comunicação entre os níveis para que as decisões possam ser tomadas no momento certo e em todas as áreas onde precisam ser implementadas. Uma cadeia de suprimentos responsiva com uma boa estrutura de governança também pode avaliar os “ganhos rápidos” que podem ser alcançados com os componentes de longo prazo da transformação da cadeia de suprimentos, como defesa, reforma de políticas e colaboração das partes interessadas. Tudo isso acabará por contribuir para o maior disponibilidade de medicamentos e cuidados de saúde a todos que precisam deles.
SOBRE OS AUTORES
Fatime Ndao Dieye tem dez anos de experiência em gestão de programas. Ela é a Oficial Sênior de Programas da ARC West Africa, responsável pelas atividades do Setor Privado e da Academia.
Jemina Iroegbu Harry tem 11 anos de ampla experiência em todas as áreas funcionais do campo de gerenciamento da cadeia de suprimentos. Ela está atualmente trabalhando com a ARC como Gerente Técnica da Cadeia de Suprimentos.
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